Diagnóstico do Alzheimer: teste de sangue mostra mais de 95% de precisão em pacientes do SUS no RS
09/11/2025
(Foto: Reprodução) Novo exame de sangue testado no RS pode mudar diagnóstico de Alzheimer
Um novo exame de sangue testado no Rio Grande do Sul mostra alta precisão para diagnóstico do Alzheimer. A tecnologia, desenvolvida nos Estados Unidos, foi validada por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e do Hospital de Clínicas de Porto Alegre pela primeira vez em pacientes brasileiros atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
🧠 A Doença de Alzheimer, também chamada de Mal de Alzheimer, é a causa mais comum de demência e leva ao declínio da memória e das habilidades de raciocínio. Trata-se de uma doença física que faz com que o cérebro pare de funcionar corretamente e que piora com o tempo.
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O teste foi aplicado em 59 pacientes atendidos pelo Ambulatório de Demências do Hospital de Clínicas. Os participantes foram divididos em três grupos:
pessoas com diagnóstico clínico de Alzheimer;
pacientes com demência vascular;
grupo controle, ou seja, que não tem diagnóstico.
O teste identifica alterações na proteína p-tau217, que está diretamente relacionada ao acúmulo de grumos no cérebro e é uma das principais características do Alzheimer.
“A precisão desse exame para detectar as alterações da proteína p-tau217 superou os 95%”, afirma Wagner Brum, estudante de medicina e pesquisador.
O professor de Farmacologia da UFRGS Eduardo Zimmer afirma que o exame seria capaz de identificar se a pessoa apresenta proteínas acumulando grumos no cérebro, característica da doença de Alzheimer.
Ele afirma que o exame pode facilitar o acesso ao diagnóstico: “A gente pode democratizar o diagnóstico com biomarcadores, que é como chamamos o exame de sangue aqui na população brasileira", diz.
Os resultados foram publicados em uma revista científica internacional e comparados com os métodos considerados padrão atualmente, como o exame de líquor e o PET CT cerebral.
O neurologista Raphael Castilhos, do Hospital de Clínicas e professor da UFRGS, explica que os pacientes foram selecionados do Ambulatório de Demências e divididos em grupos com Alzheimer, demência vascular e controle. Para ele, o exame pode ser um divisor de águas na forma como a doença é identificada no Brasil.
“De fato, entender melhor e fazer o diagnóstico é essencial. No contexto de saúde pública e de atenção primária, pode representar uma grande revolução”, afirma.
A pesquisa buscou validar o exame em brasileiros com diferentes perfis. “Na população brasileira, esses estudos eram inexistentes. Pela primeira vez mostramos que, numa população com baixa escolaridade e portadora da doença de Alzheimer, o exame funciona de maneira muito interessante”, diz Zimmer.
O próximo passo é ampliar os estudos para outras regiões do país. “Quanto antes conseguimos identificar a presença dessa proteína, maior o tempo para modificar fatores que determinam o curso da doença”, afirma o neurologista e pesquisador Wyllians Borelli.
Ele destaca que o exame pode ajudar na prevenção e no planejamento de cuidados.
“Se identificamos alguém com proteína alta, conseguimos modificar fatores de risco como: hábitos de vida, hipertensão, diabetes e colesterol alto. Isso traz muito mais qualidade de vida para o paciente, precocemente”, explica.
Borelli também ressalta o impacto no sistema público: “Os exames atualmente são muito custosos e não estão disponíveis em todo o Brasil. Nosso foco foi trazer isso para o sangue, porque temos a possibilidade de oferecer esse diagnóstico pelo SUS e beneficiar mais pacientes".
Novo exame de sangue testado no RS pode mudar diagnóstico de Alzheimer
Reprodução/RBS TV
Famílias seguem lidando com os desafios da doença
A nutricionista Sandra Barbiero cuida da mãe, diagnosticada com Alzheimer há cinco anos.
“Ela ainda lembra de quem está do lado dela, mas esquece nomes e pessoas que não estão próximas”, conta.
Sandra acompanha com expectativa os avanços da pesquisa.
“Estou torcendo por esse resultado. Para nós, familiares, é importante porque a gente vai se preparando. Ter esse diagnóstico precoce é muito bom, porque tu organiza a tua vida para isso”, afirma.
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